Celebridades

Por Cintia Dicker em depoimento a Pauli Barros (@pauli_barros)

"Descobri que estava grávida logo nas primeiras semanas. Meu corpo deu sinais: o peito cresceu, doía muito e uma amiga, que estava comigo em Portugal, me convenceu a comprar um teste de farmácia. Exame feito e o resultado positivo veio. No dia seguinte, me consultei com minha ginecologista e estava com seis semanas de gestação. Era o início de um sonho.

Com doze semanas, descobrimos a gastrosquise [uma malformação gastrointestinal congênita]* no exame morfológico, feito quando ainda estava no Brasil. A partir daí, em uma sequência de testes para checar alterações cromossômicas, descobrimos que era uma menina. O meu feeling nunca me enganou, já sabia desde o início.

Sempre que eu e o Pedro pensávamos em um possível nome Aurora vinha à tona. Achava forte, com um significado lindo [do Latim, representa o nascer do sol, o raiar do dia,] e o Pedro também sempre gostou. Então não tivemos dúvidas na escolha.

Quando soubemos da existência da gastrosquise, descobrimos também que, para segurança do bebê, a Aurora deveria nascer entre 37 e 38 semanas e através de uma cesárea. Logo após o nascimento, nossa filha precisaria ser operada, então era necessário que toda a equipe médica estivesse disponível. O período ideal seria na semana do Natal, dias em que muitos estão viajando, mas coincidentemente a equipe dos sonhos havia encontrado uma data. O time foi formado pela minha obstetra Viviane Monteiro, o cirurgião Gilmar Stulzer e o Jofre Cabral, pediatra e diretor médico da UTI neonatal da Maternidade Perinatal, no Rio de Janeiro.

Não conhecíamos essa condição e tive muito medo por não saber como seria a cirurgia e também a recuperação dela. Fiquei procurando respostas na internet -- algo que não aconselho porque só me assustava mais.

Como toda cirurgia, a dela também tinha riscos. Em muitos casos, não é possível colocar o intestino no lugar de uma só vez, sendo necessário mais de uma cirurgia. Mas os médicos referência em gastrosquise estão no Brasil e me deram muita segurança. Esse foi o motivo de deixarmos a Europa: saber que ela estaria nas melhores mãos e teria os melhores cuidados, e isso já é mais do que o bastante.

Confiei plenamente nos profissionais que foram essenciais para que tudo corresse bem, sempre positivos e confiantes de que tudo daria certo. Além deles, meu marido, Pedro, foi minha fortaleza. Em todos momentos de desespero, era ele que me acalmava e me confortava de alguma forma. Eram muitas as dúvidas e inseguranças que martelavam minha cabeça: Como seria o parto? Eu veria o intestino dela para fora? Como seria a UTI? A cirurgia daria certo? Eu sabia que precisava ser forte por ela e ele me lembrava disso. E eu fui ou pelo menos tentei ser.

Tenho muito a agradecer a Cris Stringhi, minha terapeuta holística que me ajudou através de terapias alternativas como o Reiki [feita com a imposição das mãos, a terapia reikiana busca canalizar energia para pontos vitais do corpo, trazendo bem-estar físico e mental]. Quando esse turbilhão de perguntas invadiam minha cabeça eu tentava focar em outra questão, para não depositar nenhum nervosismo na Aurora. Esse foi o motivo da minha decisão de dirigir até o hospital e assim ocupar a cabeça.

A Aurora nasceu no dia 26 de dezembro e, assim como muitos, no dia anterior eu estava em casa recebendo a família e amigos. Estava de 37 semanas, não tinha contrações, nenhum risco da neném nascer. E lá fomos nós ouvindo música da dupla Anavitória. No hospital, contamos com a companhia de diversos amigos que – pasmem – levaram baralho para jogar tranca. Era tanta gente amada reunida no quarto, tantas risadas, que não tive tempo para pensar 'o que vai acontecer?' No momento que o cirurgião chegou, a reação dele foi: 'Com essa vibe não tem como dar errado'. E não deu.

Na sala de parto, o ambiente era calmo e gostoso. A anestesista Flávia Cirilo é uma grande amiga e cumpriu o papel também de fotógrafa. O Pedro segurou a minha mão durante todo o tempo. Eu não pensei em nenhum momento na minha cirurgia, só conseguia pensar na Aurora.

Ela nasceu às 21 horas. Eu pude tê-la nos braços. Aurora chegou ao mundo linda e enorme. Pude dar um beijo antes de encaminhá-la para a cirurgia. Naquele momento, o coração deu um nó e assim ficou durante os trinta minutos que seguiram. O procedimento terminou antes mesmo de finalizarem a minha cesárea. Todos na sala vibravam porque foi um caso de muito sucesso. Era um mix de sentimentos nesse momento: 'Ela está bem, mas cadê ela? Quero vê-la!. Ao mesmo tempo, eu e o Pedro conversávamos no olhar. Nossa filha estava bem.

No dia seguinte pude vê-la na UTI. E assim correram os dias mais intensos e dolorosos da minha vida. Vendo-a na incubadora, indo embora sem ela, mas ao mesmo tempo sentindo uma gratidão enorme por toda a equipe que estava cuidando tão bem do meu bebê. Eu entendi que ali era o melhor lugar para ela estar. Mais uma vez tentei ser forte por ela, mas tocá-la só por uma janelinha com as mãos cheia de álcool, sem poder pegá-la no colo, foi difícil de controlar. Somando com os hormônios de um puerpério, era na hora do banho que eu desabava, mas saía de lá, vestia a capa de forte e seguia. Pensava nos bebês que estavam no hospital, lutando pela vida, e a força deles é muito maior do que a gente pode imaginar. E isso me dava forças.

Na UTI ela se saiu muito bem. Passou os cinco primeiros dias apenas se alimentando de soro e isso cortava meu coração ao pensar que ela estava com fome. Aurora evoluiu, dia após dia, até que precisou de uma anestesia geral para conseguir passar a sonda intravenosa. Mais uma vez, um nó no coração, mas ela aguentou forte e dali para frente a vida foi normalizando.

Minha cabeça estava totalmente voltada para ela. Foram 16 dias das 9h às 22h30 na UTI com as emoções à flor da pele. Sofri baby blues, não tinha tempo para descansar, e só consegui pensar um pouco em mim quando a Aurora chegou em casa. Por falta de repouso, senti muita dor na cicatriz da cesárea e tive uma pequena inflamação, que resultou na necessidade de antibiótico e alguns cuidados.

Felizmente ultrapassamos todas as dificuldades e estar em casa com ela é o melhor dos sentimentos. A Aurora nasceu grande com 4,030kg e 54 cm, uma grande menina com uma grande fome (risos). Na madrugada a rotina é cansativa. Ela acorda de três em três horas e mama por mais ou menos 1h30 entre sonecas que acontecem no peito. Neste início, optei por trazer minha mãe para me ajudar e não precisar de babá.

Passei por muitos aprendizados que não caberiam em um texto, mas alguns pontos faço questão de mencionar: viver tem um novo sentido, esse é o maior amor do mundo e eu faço qualquer coisa para minha filha estar bem. Aprendi a valorizar de uma outra forma a minha mãe e todas as mães da UTI pela força inesgotável.

Vou curtir bastante esse momento em família, mimar minha filha e penso em voltar a trabalhar em breve. Quem sabe com ela?"

*O que é a gastrosquise?

Dr. Gilmar Stulzer, médico cirurgião responsável pelos cuidados da filha de Cintia Dicker e Pedro Scooby, explica brevemente sobre o caso.

“A gastrosquise é um defeito na formação da parede abdominal, na qual o bebê nasce com o intestino completamente para fora da cavidade abdominal. Nesses casos, a correção cirúrgica do defeito deve ser realizada o mais breve possível, a fim de minimizar os riscos de infecção, que podem colocar em risco a vida do bebê. Logo após o nascimento, a Aurora foi prontamente atendida pela equipe de cirurgia pediátrica e o defeito da parede abdominal foi corrigido, contribuindo enormemente para a excelente evolução deste caso".


Segundo a pediatra Daniela Anderson, especializada em Neonatologia e Medicina Intensiva Infantil (UTI Pediátrica), "a gastrosquise ocorre intraútero e cursa geralmente com a saída de conteúdo intestinal pelo orifício, que fica exposto ao líquido amniótico durante a gravidez.

Diferente do outro defeito da parede abdominal, que é a onfalocele [protrusão de vísceras abdominais através de um defeito da linha média na base do umbigo], na gastrosquise não existe uma película protetora das alças intestinais que ficam soltas no líquido amniótico e, por conta disso, é formada uma reação inflamatória, como uma membrana ou filme inflamatório espesso que recobre o intestino.

A partir do momento que descobre-se durante a gestação que a criança é portadora dessa má-formação, a gestante é encaminhada para o parto em um centro de referência e onde exista uma UTI neonatal, com cirurgiã pediátrica preparada para receber esse bebê e realizar os devidos tratamento cirúrgicos para reinserir as partes dos órgãos expostos de volta ao abdome e fechar o orifício."

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